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A Duquesa de Langeais - Honoré de Balzac


O francês Honoré de Balzac, tido como o inventor do romance moderno, é o autor de uma obra composta de 89 romances, novelas e histórias curtas chamada de “A comédia humana”. A Duquesa de Langeias é um dos livros que compõe esta coletânea. Mas se você não sabe, não se deixe levar pelo título desta coleção de TRAGÉDIAS. E esta história não é diferente...
A Duquesa de Langeais - L&PM POCKET

Balzac, nesta obra, fala sobre a superficialidade da vida na sociedade, as aparências que muitas vezes enganam e a forma como muitas pessoas vivem por conveniência e não verdadeiramente suas vontades. Isso nos leva a pensar como pode um romance como este, escrito há quase dois séculos, ser tão atual! A resposta está na genialidade do autor, que fala com maestria da condição humana refletida nos seus personagens.

A história consiste em relatar a superficialidade da vida de uma bela duquesa, cortejada por toda a sociedade parisiense. Casada por conveniência e acostumada aos cultos da sua pessoa, conquista a atenção de Montriveau, um veterano de guerras, o qual nutre pela duquesa uma paixão arrebatadora e a faz seu objeto de adoração. Porém, a impossibilidade da consumação do romance, representada pela figura da mulher inalcançável que, em um primeiro momento, brinca com os sentimentos de um homem “inocente” – aham... sei... –, faz do romance um verdadeiro martírio para um coração apaixonado e não correspondido.

O interessante é que alguns estudiosos da biografia do autor apontam uma ligação deste romance com um “affair” de Balzac com a bela marquesa de Castries, a qual, mesmo com o autor perdidamente apaixonado, jamais consumou suas intenções. Como meio de se vingar, teria escrito este romance, em que ele seria Montriveau e a marquesa, a Duquesa de Langeais. Não preciso nem falar que estas informações, encontradas no prefácio da minha edição, deixaram-me ainda mais curiosa e ansiosa pela leitura.


O livro inicia-se com o desfecho e logo em seguida vai traçando o caminho de como tudo aconteceu até culminar naquele convento das carmelitas descalças, onde o som do órgão tocado por uma das irmãs desperta sentimentos até então adormecidos no interior do coração do francês Montriveau. Ao contrário do que muitas vezes pensamos – pelo menos eu pensava –, começar um livro pelo final pode estragar toda a surpresa e frustrar o interesse do leitor pela obra, porém, foi exatamente o contrário que aconteceu comigo. Desde o primeiro instante eu senti-me presa à história e curiosa para saber o que afinal levou os personagens àquele destino fatídico, digno de uma novela mexicana melodramática.

Enfim, indico a leitura de fevereiro para um coração preparado para grandes emoções e um final digno de tragédia grega!

Até a próxima!

Carolina Pires.

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