Pular para o conteúdo principal

Abandonar uma leitura é pecado?

Vejo que muitas pessoas ficam num grande dilema quando se deparam com uma leitura que não está fluindo. E o pior de tudo é que ficam forçando essa leitura de tal forma que afasta por completo o prazer da experiência. Então, em vez da leitura ser uma boa experiência e positiva, acaba se tornando um verdadeiro martírio!

Recentemente peguei um livro que eu não consegui concluir a leitura. Sim, também cometo estes deslizes, mas acredito que é melhor largar do que forçar algo que não está fluindo. Mas esta não fluidez não é culpa do autor, que de fato escreve muitíssimo bem. Seria então minha culpa? A seguir minhas justificativas...

Memória de Elefante é uma obra construída com base em metáforas e comparações que remetem a muitas referências, além de um humor ácido do narrador - quase autobiográfico - bem interessante. O que ocorreu é que, na verdade, como não consegui entender a maioria dessas referências, as construções metafóricas e comparativas tornaram-se se não um nada, um momento de tormento para mim, enfatizando a todo momento a minha brutal ignorância sobre muitos assuntos.

De certa forma, mesmo se realmente entendesse boa parte delas, a minha opinião é que se trata de uma narrativa que cansa pela quantidade de construções deste tipo. A minha leitura foi demasiadamente arrastada, o que me fez, num certo momento, desistir de pesquisar as referências. Depois disso as coisas foram ficando bem complicadas entre mim e o livro, até afinal tomar a decisão de abandonar a leitura.

Não nego que tenho um pesinho na consciência pelo abandono fatídico. Mas ao perceber que vários leitores em algum momento da vida viram-se também forçados a tal atitude, senti-me mais aliviada e pronta para uma nova leitura. Quem sabe em outro momento da vida volto a me deparar com este livro? Mas por enquanto é "não"!

E você? Já abandonou algum livro? Qual?

Um beijo e até a próxima!

Carolina Pires.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Drácula - Bram Stoker

Drácula - Bram Stoker Com muita honra, ao som imaginário de um órgão tocando – sozinho – uma música fúnebre, venho descrever um pouco da minha experiência com a leitura desse clássico: Drácula, de Bram Stoker. A versão que li é da Editora Madras (2002), tradução de Sandra Guerreiro, cuja capa – ilustração de Claudio Gianfardoni – dá medo só de olhar. Romancista, poeta e contista, Bram Stoker, nascido na Irlanda em 1847, foi quem escreveu a principal obra sobre vampiros – mas não a primeira –, a qual, até os dias de hoje, serve de inspiração para muitas outras obras e adaptações para o cinema e televisão. Drácula é uma obra intensa, com traços góticos, em que prevalecem as descrições de eventos noturnos como noites mal dormidas, sonambulismo, invasões de propriedades privadas, perseguições e a sede de aniquilação da personificação do mal!  O livro é um conjunto de fragmentos de diários, cartas, telegramas e registros, com uma sequência cronológica, feito pelos próprio

A Duquesa de Langeais - Honoré de Balzac

O francês Honoré de Balzac, tido como o inventor do romance moderno, é o autor de uma obra composta de 89 romances, novelas e histórias curtas chamada de “A comédia humana”. A Duquesa de Langeias é um dos livros que compõe esta coletânea. Mas se você não sabe, não se deixe levar pelo título desta coleção de TRAGÉDIAS. E esta história não é diferente... A Duquesa de Langeais - L&PM POCKET Balzac, nesta obra, fala sobre a superficialidade da vida na sociedade, as aparências que muitas vezes enganam e a forma como muitas pessoas vivem por conveniência e não verdadeiramente suas vontades. Isso nos leva a pensar como pode um romance como este, escrito há quase dois séculos, ser tão atual! A resposta está na genialidade do autor, que fala com maestria da condição humana refletida nos seus personagens. A história consiste em relatar a superficialidade da vida de uma bela duquesa, cortejada por toda a sociedade parisiense. Casada por conveniência e acostumada aos cultos da su